#freelanceando

on domingo, 26 de dezembro de 2010 | 6 cousas
Mais uma vez, eu me permito buscar e encontrar a mim. Sem melodramas juvenis, nem falsetes musicais.

Grande parte da história do #freelanceando nada mais é que a história do Lunaticidades e do Cousas e Louças, dois blogs que fiz ao longo dos meus três anos de blogosfera e fui extinguindo ou retornando conforme a necessidade de partilhar, confidenciar, registrar.

O passado, apesar de ser uma coisa bonita de se ver, uma vez que ele fica mostrando o quanto progredi, não é o espelho que deve ser contraposto constantemente. Já bastam as marcas que ele deixa para o presente e ainda pesará no futuro. Em miúdos, como diria a música festante cantada pela Elis e letrada pelo Belchior, "o passado é uma roupa que não me serve mais".

Dessa vez, não vou excluir blog algum. Só não irei atualizar este aqui. A história, seja ela qual e como for, pode ficar aí pra cego ver. Eu vou com uma velha roupa colorida, tentar me rejuvenescer.

Beijos, bloggers :)
on quinta-feira, 23 de dezembro de 2010 | 2 cousas
Eu tava aqui, lendo revistas de decoração, em busca de pautas. Algumas fotos são bastante tentadoras. Casas grandes, com jardins, mobiliários personalizados, alguns pura sofisticação. Na publicação anterior que eu trabalhei, fiz matéria sobre a decoração de uma casa de gente "ryckah". A casa era “um brinco”, como diria a minha mãe. E, antes de tirar algumas fotos, fiquei me perguntando se lá eram criadas crianças.

Era tudo muito arrumado, nem na porta de correr espelhada havia manchas de mãos. Os livros de arte ficavam emparelhados em estantes ou em aparadores, certamente aguardando leitura, o que denotava que nenhuma mão os tivesse folheado. Durante a sessão de fotos, duas crianças apareceram. Era um menino e uma menina. Ele mais velho que ela, e ela mais danada que ele; porém os dois comportados, deu pra entender? Eu entendi.

Aliás, lembrei. A minha casa anterior era grande, sem comparação a atual. Detalhe que nos mudamos para essa, exatamente, porque a casa grande o era para apenas duas pessoas – eu e a minha mãe. Embora sempre tivesse sido o sonho (realizado e desmoronado) da minha mãe ter uma casa grande, ninguém a aproveitava como podia.

Em alguns momentos, eu ia pro terraço e sentava no piso para saber qual era a sensação de estar sentada ali. Então, eu olhava pra lateral, via tudo de todos os ângulos e sentia como se o espaço fosse novo, recentemente desvendado. Era gostosa a sensação. Mas voltar a tê-la era difícil, porque nos entretínhamos na sala de TV ou no quarto de frente pro computador.

E, hoje, na casa mini, somente para o quintal eu não dispenso atenção. Ele é bagunçado por velharias entulhadas. Talvez, eu pudesse sentar na mureta do tanque e perceber os diferentes ângulos pelos quais o sol bate na água, mas não o faço. Mesmo assim, eu ganho daquelas crianças, que vi entre sorrisos no parapeito do segundo andar, com acesso aos quartos, e que não aproveitam a sua ampla e sofisticada casa; assim como os pais que têm tanto espaço de sobra para esticar as pernas, e nem lembram que existe aquela linda poltrona de modelo provençal no hall de entrada.

on segunda-feira, 20 de dezembro de 2010 | 1 cousas


Eu, que passei a minha vida toda lendo apenas para mim e tendo como única interlocutora a minha mãe, que enaltecia o meu gosto pela leitura tal qual a minha dedicação pelos estudos, me deparei mais tarde com o exibicionismo de egos disparando: "você já leu fulano de tal? como não?! já li vários dele!"| "qual música você ouve? ah, eu comprei o cd de fulano de tal que foi lançado ontem"; e assim por diante.

Era um volume de informações muito maior do que aquelas que eu imaginava aspirar da tela de uma TV. Ok! Em comparação à TV, talvez a qualidade das informações ganhasse. E eu nem mesmo assistia tanta TV quanto possa valer a comparação. Adiante isso, eu percebia que ninguém lia, ouvia, assistia para si ou, ainda, no intuito de repassar cultura, conhecimento - uma gratidão quase social. O objetivo era somente dizer "eu já e você não".

Após me assustar, me adaptei a tantos exibicionismos de falsos cults. E, digamos, até apreendi alguns gostos. Mas, ainda hoje, eu não consigo suspirar por quem não sabe ser interessante falando abobrinhas. Sabe aquele papo solto, descontraído, em que, espontaneamente, alguém diz: "pow, isso me lembra filme tal". Assim, do nada, uma referência brilhando nos olhos de quem realmente gosta da coisa...empolga!

Alguns dos exibidos que encontrei pelo caminho foram servidos gratuitamente pelos bloqueadores de emiessiene da vida, por não saberem se entregar a boas e gostosas gargalhadas. Porque, para a minha modesta cultura, inteligência não é saber ler, mas saber ser interessante, diferente. Anda tudo muito igual.