on sábado, 2 de outubro de 2010 | 0 cousas

Coincidiu de eu completar 16 anos em ano eleitoral. Nesse período, sempre surgem as tais campanhas de "conscientização" do STF para que o adolescente saiba do seu direito em optar por seu representante político. Os jovens são alvos preferenciais também para a conquista de votos dos candidatos aos cargos políticos.

Então, no ano da minha permissão eleitoral, montaram em minha escola uma estrutura do TRE para que os adolescentes tivessem facilidade em tirar o seu título de eleitor. Naquela época, eu não refletia sobre a necessidade de tirar o título ou, ainda, se já estava preparada para optar entre políticos para me representarem. Porventura, eu tinha em quem votar, pois a minha mãe sempre determinou em casa para quem cada um votaria. Ter trabalhado em casa política e garantir votos a alguns amigos políticos poderia lhe render frutos a posteriori. A propósito, já comentei sobre essa peculiar arritmia familiar aqui.

Foi a segunda vez que me reconheci como sujeito social. A primeira foi na tirada do RG e abertura de conta bancária. Hahaha. Antes de chegar em casa com o meu título eleitoral, passei em uma papelaria e o plastifiquei. Quando mostrei a mamãe, ela ficou orgulhosa, quem sabe por poder contar com mais um voto para o seu amigo candidato, ham? (!)

Hoje, nove anos depois (não contabilizem a velhice), usei devidamente o meu título de eleitor apenas uma vez e foi exatamente no ano de sua expedição. Nas eleições posteriores, quando disposta a decidir por mim mesma a quem daria meu voto, me senti desestimulada e justifiquei. Mamãe sempre foi contra, afinal, meu voto, saindo em branco, vai para a ala majoritária.

Neste ano, eu já determinei que irei justificar novamente. Não me importa se meu voto em branco vai para a ala majoritária, porém, por morar em um estado político, meus recentes trabalhos estiveram direta ou indiretamente relacionados à política e isso me deu bastante respaldo sobre as jogatinas em bastidores. O que aparece na frente das câmeras, dos noticiários, dos debates e até no discurso dos militantes calorosos passa longe do que realmente a política acarreta.

Enquanto eu ponho o pé na parede e digo que não gastarei minha gasolina para ir à "zoona" votar, a minha mãe, com 68 anos, repete o ritual de todas as eleições: retoca a pintura dos cabelos, pinta as unhas, escolhe a sua melhor roupa, procura o documento e aguarda o momento do "pimpim" nas urnas e de encontrar velhos companheiros no hall das seções.

E meu título de eleitor nem é mais necessário...