on quarta-feira, 4 de novembro de 2009 | 8 cousas
Eu não sou besta legal como a Elite, e nem tenho sofá como o Amigão, mas também não sou avarenta. Então, se um desabrigado da blogosfera mendiga um espacinho no meu humilde blog, só posso ter compaixão. ;-) Segue texto do meu querido @AlbertoJunior





Entrei com muita expectativa na sala de cinema. A gente sempre espera ver algo surpreendente quando se trata de Caetano Veloso. A sinopse do filme não dizia muita coisa, apenas ressaltava as presenças de Paula Lavigne, Pedro Almodóvar, Michelangelo Antonioni, Gisele Bündchen e David Byrne e que o diretor Fernando Andrade “deixou o músico livre para dissertar sobre a saída de sua cidade natal, o sucesso no Exterior, a relação com Almodóvar e a separação de Paula Lavigne”.

Algumas matérias de jornais e sites foram além: a atenção sobre a nudez de Caetano na cena inicial indicando a intimidade a qual o filme se propõe, a tentativa do diretor em apresentar o artista como um cara simpático e bem humorado às novas gerações, o medo de Caetano em envelhecer à preocupação em ser maquiado, as opiniões sobre quase tudo e a contestação da afirmação de Hermeto que o considerou um “musiquinho” afirmando ser a música americana a melhor do mundo.

Tudo isso está mesmo no filme, mas sem uma narrativa que nos atraia. Quem não gosta de Caetano poderá odiar o filme e mais ainda o artista. Então, melhor do que ver o filme é ouvi-lo. E como é bom ouvir Caetano no cinema! Sua voz fraca e violão primitivo crescem embalados com os arranjos modernos apresentados no álbum “A Foreing Sound” e a guitarra jovial de Pedro Sá.
O simpático Caetano que pretendeu ser apresentado a mim soou o mesmo Caetano com sua falsa-modéstia de sempre, do tipo que diz “eu não sou tão bom assim” quando quer afirmar o contrário, quando diz que não fala tão bem inglês mesmo tendo feito composições na língua britânica e ter gravado um álbum cantando em português/inglês como foi “Transa”.

A transgressão de Caetano no filme ou “intimidade” não está na cena em que ele aparece nu. Aliás, não se vê quase nada. O que choca mesmo é o discurso sobre a velhice a partir de um homem velho que não se considera pejorativamente velho e que nunca se imaginou envelhecer como está hoje. Caetano nos ensina que o tempo dele hoje é outro: o tempo de quem aprendeu a desacelerar e aprendeu que sempre há tempo sobretudo quando tem-se a idéia de que ele vai acabar num instante. Há mais vida, vontade e entusiasmo no Caetano de hoje, aos sessenta e tantos anos, do que naquele dos anos sessenta que gritava com impaciência e pressa: “É proibido proibir”.

Em tempo: Paula Lavigne aparece estereotipada como muito chata no filme, Gisele Bündchen é absurdamente desnecessária na estória, Antonioni não diz muita coisa, Almodóvar podia ter dado um beijo na boca de Caetano que chocaria mais que o nu e Pedro Sá não abre a boca. Mas o filme é bom? Não e eu gostei. Porque me fez refletir sobre o medo de envelhecer, porque é linda a cena do passarinho que pousa no ombro do companheiro de Caetano no Japão, porque Caetano continua sendo para mim uma referência estética artística e deu mais vontade de curtir o show dele aqui em São Luís, no dia 14.

“Os filhos, filmes, ditos, livros como um vendaval. Espalham-no além da ilusão do seu ser pessoal. Mas ele dói e brilha único, indivíduo, maravilha sem igual. Já tem coragem de saber que é imortal” (O Homem Velho. Caetano Veloso)

Por @AlbertoJunior

8 cousas:

Dani M. disse...

Oi Luaninha, meu bem, saudade de tu!
Albertinho querido, quando vi que esse filme tava em cartaz fiquei louca pra ver e imediatamente lembrei de tu. Não tem como ouvir qualquer coisa de caetano e não lembrar de vc.
Já tinha lido algumas coisas sobre Coração Vagabundo, mas nada tão franco quanto o que vc escreveu, e eu confio mais em vc do que em qualquer outro comunicador.
Talvez eu procure o pirata ou faça um dowload, hehehe...
Beijos amores!

Rafael Carvalhêdo disse...

Haha... Alberto passou esse texto pra Deus e o mundo! Ô figura!

Rafael Carvalhêdo disse...

Acho que virou corrente!

Amigao disse...

Como é isso que deleta o orkut, os blogs e fica pedindo espaço no blog dos outros?
Não entendo...

Amigao disse...

Gosto muito do Caetano e este pensamento sobre a velhice é mais ou menos o que eu penso.
Eu me acho hoje, mais atraente e nem sei sou mesmo, acho que não.Mas penso que sou.
Depois de velho também aprendi a desacelerar e tenho mais vida, mais vontade, etc, menos aquilo que mencionei no blog outro dia.Tenho muito medo de que tudo possa acabar em um segundo.
Mas a vida é assim mesmo.

Abração Luca, abração @alberto

Luana! disse...

Fato q postei esse texto, mas não o li com devida atenção.

Agora, senti-me lisonjeada por esse texto tão sensível ter vindo parar no meu blog, que é assim tão sem "arte". =P

E, embora tenhas dito que não gostou do filme, exatamente pela falta do muito que a mídia propagou, bateu-me também a curiosidade de ver esse Caetano.

[Amigão, eu também não entendo...]

[@AlbertoJunior, se tu quiser, te mando convite para apareceres de vez em qdo por cá]

Polyana Amorim disse...

hahaha, Alberto é figura!!

eu acho que vou passar o Coração Vagabundo. Fui com a intenção de vê-lo, mas já que não agrada o mais inveterado fã de Caê...

Dulce Miller disse...

Adorei isso: O filme é bom? Não e eu gostei!

Pronto, não precisa de mais nada!

Fiquei curiosaaaaaa!

Beijo