on terça-feira, 17 de fevereiro de 2009 | 18 cousas

Postagem da Blogagem Coletiva - O livro da minha vida


Hoje estou feliz. E frustrada também. Sempre é bom falarmos sobre aquilo que gostamos e aqueles que bem me conhecem sabem que sou amante da literatura, embora tenha sido um pouco relapsa nos últimos tempos quanto à leitura e aquisições de novos livros. Mas, enquanto sabedora das virtudes de uma boa leitura, como da libertação da alma por meio dela, tenho para mim a missão de sempre estimular a leitura para aqueles que não têm o hábito dela ou se acham incapazes para.

Ontem mesmo, indiquei um livro para um amigo e recebi como resposta: "eu nunca fui bom para leitura". Demonstrei, por meio de uma dinâmica, que todos nós temos o hábito da leitura, mesmo aqueles que não sabem o abcdário sabem ler o que as nuvens cinzas no céu prenunciam. Essa é uma forma de não subjugar o potencial de leitura das pessoas, o que acredito acontecer nas escolas que impoem leitura de paradidáticos. E daí advém a minha frustração: não lembro mesmo qual foi o primeiro livro que li, certamente alguma desimportância por imposição escolar.

Os livros, nessa época, eram quaisquer coisas que ocupavam as minhas mochilas e os orçamentos escolares da mamãe, mas nada que ocupasse a minha mente. E, por uma ironia, ainda na adolescência o meu irmão tomou a minha nerdice para si como cobaia quando entrou na faculdade de Letras e começou a me impor leituras e mais leituras. A cada fim de leitura, uma explanação daquilo que eu tinha apreendido, do que eu tinha gostado e desgostado. Os livros vinham para mim, como correntezas que batiam nas pedras e eu anotava tudo sobre eles para que eu não desapontasse o meu tutor.

Eça de Queirós, Clarice Lispector, Lins do Rêgo, Graciliano Ramos,Victor Hugo foram meus amigos desde então. E, exatamente quando me apeguei a eles, meu irmão me ensinou que eu deveria doar os livros que tinha. Ensinou vííííírgula: sou egoísta confessa...não consigo doar os meus livros, gostos de relê-los mesmo anos depois de empoeirados. E todos marcaram a minha vida, de forma singular, mas nenhum foi tão festejado quanto O Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago. Arrá! Isso não deve soar como surpresa para muitos, porque já o citei várias vezes em memes e afins por aqui, mesmo querendo citar Carta ao pai, de Kafka, ou Amor nos Tempos do Cólera, de Gabriel Garcia Márquez.

No entanto, considero poder reunir todas as características literárias dos três em Saramago. Seja pelo existencialismo e pelo realismo comum nos três ou, ainda, pelas temáticas polêmicas, ateístas do gajo. O estilo e o ritmo da escrita do Saramago certamente são as coisas que mais surpreendem na primeira leitura dele, mas é a sua genialidade em conduzir os seus enredos, como ninguém jamais o faria, que me encanta, me fascina e me abduz.

Voltando aO Ensaio sobre a Cegueira, o ganhei há dois anos de Polyana. Até então eu não havia lido nada do Saramago, mas tinha bastante curiosidade em lê-lo e ela, sabendo disso, presenteou-me no aniversário. Quer dizer, um dia após o meu aniversário [nesse dia, eu sumi. hahaha], na fila do restaurante universitário. Nossa! Meus olhos pularam quando li "José Saramago". Não lembro quanto tempo levei para devorar a história da epidemia da cegueira branca mundial, mas os meses seguintes foram em prol de acompanhar a feitura do filme baseado no livro - Bindness, pelo blog do Fernando Meirelles, e ansear pela sua estréia, que eu assisti junto com o Nandinhoo Damázio! Hihiihi

Querendo devorar o restante da literatura saramagueana, logo em seguida comprei As Intermitências da Morte, mas mesmo após leituras de algumas coisas dele, fiquei certa da "boa pedida" de Poly. Não sei porque ela optou logo por aquele livro para me presentear, mas sempre que me pedem a indicação de um bom livro, eu indico toda orgulhosa O Ensaio sobre a Cegueira. Foi a história mais extraordinário que já li e eu amo o Saramago! \o/

E você? Qual é o livro da sua vida?

p.s.¹: depois de sonhar em ser esquecida nas lojas americanas comendo chocolate, meu sonho era ser esquecida eternamente numa livraria;
p.s.²: queria ler todos os [bons] livros do mundo, mas nem mesmo se parassem de escrever, a minha vida não daria para isso...que frustração;
p.s.³: um dia ainda vou ter a minha biblioteca particular.

18 cousas:

Du disse...

Luca, bela escolha! Essa blogagem foi tão dificíl pra mim, que sinceramente eu não sabia que livro escolher. "O Ensaio..." é fabuloso, mas se eu fosse escolher Saramago, escolheria "O Evangelho segundo Jesus Cristo", que me emocionou profundamente, mais ainda que O Ensaio...Mas aí eu não seria Justa com "O amor nos tempos do cólera", nem com "Cem anos de solidão", do Gabriel Garcia Marquez...E se escolhesse algum do Gabriel, como ficaria meu coração diante de "Crime e Castigo", do Dostoiévski??? Heim, como??? Fora tantos outros, como "O apanhador no campo de centeio", do Salinger...Nossa!!! E todos os Harry Potter??? Ó, mópai... Então encontrei a solução: Qual foi o primeiro livro a me fazer refém eternamente da leitura? Qual minha primeira paixão? Bingo! Pollyanna.

Du disse...

Eu comentei aqui e achei que deveria escrever o mesmo no meu post... Fui lá e acrescentei! \o/ Você me inspirou, Luquinha!!!

Beijão!

Su disse...

Eu achei essa blogagem maravilhosa, mas para mims seria tão complicado participar. Assim que eu vi a chamada, eu revirei o baú a procura dos livros (cheirosos) que são minha vida, mas achei tantos, que acabei desistindo no meio do caminho. Mas a sua escolha foi perfeita, Lu!! Parabéns...

Ah, eu quero morar numa livraria, e tbm montarei a minha biblioteca particular... rsrsrsrsrsrs

Beijos, Linda

Gisele Amaral disse...

Oi, Lu!
Boa e bela escolha, hein?! Adoro este livro, mas o Saramago é tão complexo que estou como a Du: penso em "Todos os nomes", penso em "O Evangelho segundo Jesus Cristo", em "As intermitências da morte", noooossa!

Vamos fazer uma nação de leitoras?

Por falar em se perder numa livraria, já quis morar numa. Uma vez vi algo na internet sobre uma livraria que servia de albergue para viajantes. Mas pra mim, seria bom se ela me acolhesse para sempre! =)

Um beijo, chuchu!
=*

*Renata disse...

Olá!

Cheguei até aqui através da Coletiva da Vanessa.
Engraçado como os blogueiros são viciados em leitura! Confirmei a teoria de que a escrita e a leitura caminham sempre juntas.

Gostei muito do seu post. Sempre tive curiosidade de ler Saramago, ainda mais depois do filme. Decidi não assistir antes de ler o livro. Agora então, com essa propaganda.. não vejo a hora!

Voltarei mais vezes aqui.

Abraço!

Amigao disse...

Pois é menina, gostei do seu irmão. Eu também aprendi a doar os livros.
Não tenho desejo de ter biblioteca em casa.

Os livros devem ser doados para que levem aos outros os mesmos beneficios que nos trouxeram.

Beijão do amigão!

J. Neto disse...

O "Ensaio sobre a Cegueira" é um livro interessante.
Eu não vejo a hora de poder também assistir ao filme sobre o livro.

Parabéns por sua participação.
Muito interessante esse seu hábito de leituras, e seu espaço.

Abraços

Lorena disse...

Eu comecei a ler Ensaio Sobre a Cegueira, mas como é da locadora onde trabalho, fico meio receosa de trazer pra casa. E como fico lá trabalhando o tempo todo, quase não tenho muito tempo pra ler. Mas já vi várias pessoas dizendo que só começaram a se empolgar pelo meio do livro. Bom, não sei se foi porque já assisti e adorei o filme, mas pra mim o livro está ótimo desde o início! Estou adorando! Sei que vou demorar bastante pra terminar de ler, pq só leio nos meus horários vagos na locadora, mas faço questão de terminá-lo, pq sei que vai ser inesquecível!

Nunca li nada de Saramago e sempre tive vontade... Agora estou tentando correr atrás do tempo perdido e vou conseguir. Pelo pouquinho que já conheci, posso te dizer que foi uma ótima escolha, Luca! =)

beijos!

PS: eu amo livrarias e bibliotecas, e um dia quero ter uma de cada tb.

Laís Carvalhêdo disse...

adoooro esse blog...
adoro o jeito como tu escreve,teu humor sempree impregnado em cada texto.
Sou fã!
ahh... e prima do caio rafael! atraves do ponto-d-vista conheci o cousas e o ralados... rsrs!
fika na paz... produzindo sempre!
abraços!

Patricia disse...

esse livro é taaao tristeee!
e o filme também, saramago é tudo de bom!
beijo

Nina disse...

O livro da minha vida é O Meu Pé de Laranja Lima, a simplicidade e singeleza das coisas me comove!

Quem dera hein Luana, mais pessoas no mundo tivessem um tutor como o que vc teve, o mundo seria um lugar melhor pra se viver, certamente.
Um beijo querido em ti, pequena.

Funcionária do Mês disse...

Este livro inspira sentimentos tão complexos e contraditórios, e traduz muitas coisas do mundo atual. A leitura que Saramago faz do mundo e insere em seus livros é única. Parabéns pela escolha e pela postagem!

Vanessa disse...

Caramba, que post bom. Achei uma maluca por livros como eu! Mas bem , eu , preciso confessar que não gosto de Saramago, ainda. Tenho problemas com seus longos períodos. Mas quem sabe um dia.

Muito obrigada por sua participação na coletiva, ficou show!

Abraço

Isadora disse...

Oi Luana,
Também sou jornalista e amo Saramago! O memorial do convento, Evangelho segundo Jesus Cristo, A caverna, ai, difícil saber qual é o melhor.
Prazer em conhecer!
Beijo

Éverton Vidal disse...

Oi Luana! Sou leitor assíduo do Blog do Saramago. o Ensaio sobre a cegueira foi um dos melhores livros que li no ano passado. 'Ensaio sobre a lucidez' também li e achei ótimo. Meu preferido é "O Evangelho segundo Jesus Cristo".

Gostei do seu texto. Muito bom. Parabéns.
Bj!

Cristiane Marino disse...

Ainda não li Saramago, mas estou ansiosíssima para ler.
Adorei a dica, valisosíssima.
Parabéns pela participação.
Visite meu blog para conhecer o livro da minha vida.

beijos

Nando Damázio disse...

Sabia que você escolheria este livro, me lembrei muito de nós dois no escurinho do cinema, haha.

Acho muito legal esta sua espontaneidade para estimular a leitura nas pessoas, isso é fundamental para formar novos leitores, já que é muito difícil para quem não tem o hábito descobrir este prazer sozinho.
Como você mesma disse, é uma forma de libertar almas.

Também não me lembro exatamente qual foi o primeiro livro que li na vida, só sei que esta turma aí que você citou e muitos outros são meus companheiros de viagem desde criancinha.

Beijo nas cousas! =D

Alberto Júnior disse...

Quando me perguntou naquele dia no orkut sobre a sinestesia em te ouvir pelas palavras, reforço a resposta positiva com toda intensidade.

[só não consigo ouvir a mim mesmo nos meus textos porque ainda não consegui enredá-los tão bem como fazes reafirmando sua identidade aqui]

Talvez eu ainda não tenha dito o quanto teu entusiasmo para a leitura me fez perceber em mim um leitor [das palavras] adormecido. E melhor que o estímulo para a leitura foi o da escrita que me impuseste com ternura. Acho mesmo que foi uma troca, a reciprocidade em um em preparar um bom ouvido para o que se tem para ouvir e o outro em preparar o espírito para o que se tem para ler.

E vou logo registrar para que isso conte nas entrevistas que darás ao "sem censura" após a fama: eu já não consigo conter o riso orgulhoso de canto de boca pressentindo o prazer que será te ver realizada também como escritora, para além da jornalista. E acompanhar esse processo é das experiências mais bonitas que tenho de ti para comigo.

Agora, respondendo a tua pergunta, eu não tenho O LIVRO da minha vida.
Em reflexos de memória, lembro que minha timidez infantil me fez descobrir a biblioteca da escola. Lá eu criei uma rotina que era um desafio: ler todos os livros da coleção de paradidáticos da coleção Vagalume. De "O escaravelho do diabo" a todas as "aventuras de Xisto", eu já escolhia um novo livro a cada fim de leitura e comemorava o aumento na quantidade de livros registrados na carteirinha.
Ler os livros de suspense juvenis, com um ritmo de roteiro cinematográfico era o que me encantava. Adorava ler crônicas e contos, da coleção "para gostar de ler", e os contos da Lygia.
Enfim, tou muito prolixo.

Não vou dizer o livro que mais gostei, mas o que ainda não li [não sei porquê] mas que aguardo ansioso. "A Hora da Estrela" de Clarice Lispector.

E farei o mesmo que teu irmão com meus filhos. Aliás, já quero conhecer aquela que nominará uma das minhas filhas.

beijos