on quarta-feira, 16 de abril de 2008 | 3 cousas
Ela não gostava de pular corda, só de se jogar na chuva. Sentia cada gota explorada pelo riso e ria-se de ser dona do mundo. Nada poderia detê-la. Não era inconsequência, era a infância plena e ingênua.

O vestido que cobria o corpo desengonçado vivia sujo das mulecagens na areia, com os amigos. Ela beijava-os e gritava com eles também. Não era má, mas era sapeca e esperta. Amava e sentia a necessidade de demonstrar isso, mesmo que parecesse mandona.

Tinha uma companheira quase do seu tamanho, com quem dançava poesia e brincava de tirar fotos dos desenhos nas nuvens, que ora se transfomavam no sorriso da sua mãe, ora no rosto de um palhaço.

Ela não se importava com os meus olhares, mas sentia que eu queria protegê-la, de alguma maneira. Eu me vidrava nos seus passos de pés descalços, com receio de, em algum momento, ter a certeza que ela era realmente frágil; mas era sempre impecável nas traquinagens.

É! A pequena era perfeita, mas eu não. Um dia eu tive medo dos seus pés pequeninos a levitarem até às nuvens e a emoldurei num quadro antigo. Lá está ela, na parede, triste e perdendo a cor. E aqui estou eu, nas nuvens, sem mais sorrisos.