on terça-feira, 1 de abril de 2008 | 2 cousas
E tudo mudou mesmo

O rouge virou blush,
O pó-de-arroz virou pó-compacto,
O brilho virou gloss,
O rímel virou máscara incolor;
A Lycra virou stretch,
Anabela virou plataforma;
O corpete virou porta-seios ...
Que virou sutiã ...
Que virou lib ...
Que virou silicone!
A peruca virou aplique ... interlace ... Megahair ... Alongamento!
A escova virou chapinha,
"Problemas de moça" viraram TPM;
Confete virou MM;
A crise de nervos virou estresse,
A chita virou viscose,
A purpurina virou gliter,
A brilhantina virou mousse...
Os halteres viraram bomba,
A ergométrica virou spinning,
A tanga virou fio dental...
. . . E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê:
Ping-Pong porque virou Babaloo,
O à-la-carte porque virou self-service,
A tristeza porque agora é depressão,
O espaguete porque virou Miojo pronto,
A paquera porque virou pegação,
A gafieira porque virou dança de salão,
O que era praça virou shopping,
A areia virou ringue,
A caneta virou teclado,
O long play virou CD,
A fita de vídeo é DVD,
O CD já é MP3,
É um filho onde éramos seis,
O álbum de fotos agora é mostrado por e-mail,
O namoro agora é virtual,
A cantada virou torpedo,
E do "não" não se tem medo,
O break virou street,
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí,
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também...
O forró de sanfona ficou eletrônico,
Fortificante não é mais Biotônico,
Bicicleta virou Bis,
Polícia e ladrão virou counter strike,
Folhetins são novelas de TV,
Fauna e flora a desaparecer,
Lobato virou Paulo Coelho,
Caetano virou um chato,
RPM desapareceu,
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix,
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe,
A bala antes encontrada agora é perdida,
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante,
O professor é agora o facilitador,
As lições já não importam mais,
A guerra superou a paz,
E a sociedade ficou incapaz...
... De tudo.
. . . Inclusive de notar essas diferenças.


Texto do Luiz Fernando Verissimo, surrupiado lá do QSEFLOG.

2 cousas:

Lúcia disse...

Que tristes mudanças temos visto nos últimos anos...
E quanta falta sinto de muitas destas coisas... substituídas por outras que vez ou outra me deixam intoxicada...

Mas... será que a sociedade ficou mesmo incapaz? Ou é que não temos mais tempo pra pensar, pra digerir tudo aquilo que vemos, ouvimos, sentimos?

Ainda acredito que vamos encontrar um meio de 'frear' esta sociedade contemporânea e colocá-la pra pensar, por mais centavos que se perca por minuto parado. Ou paramos, desaceleramos e perdemos capital pra equilibrar e dar um pouco de saúde à sociedade _ ou vamos correr eternamente atrás do tempo, esta entidade ingrata que está sempre fugindo, sempre correndo da gente, sempre deixando a gente doente. Sempre procurando nos enganar com a falsa afirmativa de que não sabemos mais lidar com as coisas, com as pessoas, com os sentimentos. De que não somos capazes. Mas acredito que somos, sim.

Ora, se não temos tempo de parar e repensar tudo isso, por que não inventá-lo? Eu diria, inclusive, que essa é das invenções mais urgentes do século...

Beijos!

NANA disse...

Faz tempo que tô querendo vim aqui e não consigo! =(

Disso tudo aí o mais triste é o forró de sanfona que ficou eletrico e ainda virou cafona e brega! Aff... Triste mesmo!

Bjs.!