on terça-feira, 5 de fevereiro de 2008 | 6 cousas
irmãs (de pele)
Eu não tenho tantas lembranças tuas. Até ontem, eu nem falava de ti para ninguém. Não que eu não te amasse, não porque algumas tardes não foram passadas contigo. Talvez, a coisa mais forte seja a dor da mordida do cachorro na minha mão, quando tu era a responsável por mim e eu menti para livrar a tua pele.

É, desde essa época eu já livrava a tua pele. Livrei a tua pele quando cuidei do teu boneco, o qual me tiraste impiedosamente quando ele já me amava. Livrei a tua pele quando a minha pele estava em jogo, e eu não agia por amor, só por uma proteção automática, que deveria ser de ti para mim, já que sempre fostes mais alta.

Cresci e fiquei mais alta que tu e, então, comecei a entender que não era a altura que pesava na nossa relação, mas o tamanho dos teus problemas proporcionais à minha dedicação. Uma dedicação de abraços envergonhados, de risos sem-graça, de carinhos desengonçados. Os meus abraços calorosos, as gargalhadas estrondosas, os carinhos descarados, os afagos constantes sempre foram para os meninos, os mesmos do futebol de botão, das tampinhas para o fofão...

Eles sim eram altões, engraçados e amados por mim, de coração. Tu, talvez, fosse um prego nos nossos sapatos, de pés cheios de calos. Ou, talvez, nem chegasse a ser assim tão importante a ponto de ser incômoda. E, certamente, aí iniciou a tua inveja, a tua maldade! Numa partida de futebol, resolveste desafiá-los e, como eras sagaz e má, ganhaste por trapassa o nosso jogo de alegria.

Eu fui o teu troféu e, numa sessão de choros e soluços sem fim, enganada pela raiva, pensei que eles tivessem me trocado. No entanto, numa loucura obcecada por outros troféus, tu olhou para a minha pele e a rasgou. Eu, indefesa, não consegui me livrar da tua fúria. Logo eu, que a tua pele tanto livrei...

6 cousas:

Critical Watcher disse...

Não acredito que não te tenho em meus links favoritos? Como pude ser tão inergúmeno? Risos...

Muito bom o texto.
Apesar de ser um pouco confuso (sua intenção, eu acho!), gostei bastante do desenlance das idéias... E o final ficou muito bom!

Beijo, menina!

Critical Watcher disse...

Ah, dessa vez eu te linko!
Beijo!

disse...

É, moça, nem sempre a recíproca é verdadeira... Que texto mais ressentido... doeu aqui... Ou seja, lindo.

Gabrielle disse...

Nossa, tá perfeito! Esse é o tipo de texto que eu fico meio assim de comentar, talvez faltem palavras.

Beijo!

Luana Diniz disse...

-Sim, Vicente! Eu nunca gosto de ser clara nos meus textos. Mas acompanhando-os, às vezes, se pode compreender bem mais. Vc tb está linkado. :)
- Obrigada, Jô!
- Ôxi. Perfeitos são os sentimentos, que dão origem às palavras. ;)

=***

jjj disse...

O texto ficou para mim um tanto quanto confuso, mas se não me deixasse confuso não seria um texto do Lunaticidades.
Tem um peso interessante, principalmente quando fragmentamos ele e nos vemos em determinadas frases.
Beijos.