Eu não tenho tantas lembranças tuas. Até ontem, eu nem falava de ti para ninguém. Não que eu não te amasse, não porque algumas tardes não foram passadas contigo. Talvez, a coisa mais forte seja a dor da mordida do cachorro na minha mão, quando tu era a responsável por mim e eu menti para livrar a tua pele.
É, desde essa época eu já livrava a tua pele. Livrei a tua pele quando cuidei do teu boneco, o qual me tiraste impiedosamente quando ele já me amava. Livrei a tua pele quando a minha pele estava em jogo, e eu não agia por amor, só por uma proteção automática, que deveria ser de ti para mim, já que sempre fostes mais alta.
Cresci e fiquei mais alta que tu e, então, comecei a entender que não era a altura que pesava na nossa relação, mas o tamanho dos teus problemas proporcionais à minha dedicação. Uma dedicação de abraços envergonhados, de risos sem-graça, de carinhos desengonçados. Os meus abraços calorosos, as gargalhadas estrondosas, os carinhos descarados, os afagos constantes sempre foram para os meninos, os mesmos do futebol de botão, das tampinhas para o fofão...
Eles sim eram altões, engraçados e amados por mim, de coração. Tu, talvez, fosse um prego nos nossos sapatos, de pés cheios de calos. Ou, talvez, nem chegasse a ser assim tão importante a ponto de ser incômoda. E, certamente, aí iniciou a tua inveja, a tua maldade! Numa partida de futebol, resolveste desafiá-los e, como eras sagaz e má, ganhaste por trapassa o nosso jogo de alegria.
Eu fui o teu troféu e, numa sessão de choros e soluços sem fim, enganada pela raiva, pensei que eles tivessem me trocado. No entanto, numa loucura obcecada por outros troféus, tu olhou para a minha pele e a rasgou. Eu, indefesa, não consegui me livrar da tua fúria. Logo eu, que a tua pele tanto livrei...
6 cousas:
Não acredito que não te tenho em meus links favoritos? Como pude ser tão inergúmeno? Risos...
Muito bom o texto.
Apesar de ser um pouco confuso (sua intenção, eu acho!), gostei bastante do desenlance das idéias... E o final ficou muito bom!
Beijo, menina!
Ah, dessa vez eu te linko!
Beijo!
É, moça, nem sempre a recíproca é verdadeira... Que texto mais ressentido... doeu aqui... Ou seja, lindo.
Nossa, tá perfeito! Esse é o tipo de texto que eu fico meio assim de comentar, talvez faltem palavras.
Beijo!
-Sim, Vicente! Eu nunca gosto de ser clara nos meus textos. Mas acompanhando-os, às vezes, se pode compreender bem mais. Vc tb está linkado. :)
- Obrigada, Jô!
- Ôxi. Perfeitos são os sentimentos, que dão origem às palavras. ;)
=***
O texto ficou para mim um tanto quanto confuso, mas se não me deixasse confuso não seria um texto do Lunaticidades.
Tem um peso interessante, principalmente quando fragmentamos ele e nos vemos em determinadas frases.
Beijos.
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