on domingo, 13 de janeiro de 2008 | 7 cousas

Maxwell Nascimento interpretando Querô



Hoje, eu conheci um garoto que todo mundo conhece. Ele nem é um, ele é vários. Podemos encontrá-lo nos semáforos, no lixo, nos prostíbulos, na periferia, nas instituições de reabilitação juvenil e em outros lugares pobres de dignidade e ricos em ódio, mágoa, rancor.

O nome dele é Querô . A sua mãe foi prostituta e faleceu logo após o seu nascimento; já o pai é desconhecido. Criado ora em um prostíbulo, ora pela e na própria rua, o garoto foi nutrido por traumas de violências e perdas. Suas ações refletem uma obrigação de auto-proteção, num realismo alucinatório.

Eu tentei compreender o pobre personagem do filme baseado na obra homônima de Plínio Marcos. Certamente, o público que partilhou comigo da obra fílmica também tentou compreendê-lo; mas por que será que, ao sair na rua, e encontrar um garoto na mesma condição, continuamos ignorando os traços que o concebem daquela forma?

Querô chora por ter nascido, chora por ter sido violentado, chora por ter que abandonar um amor e resolver ser um nada, chora por ser baleado, mas não chora por estar sozinho. Passamos a vida a culpar os Querôs pela vida que levam e nos dão e os estilhaçamos na falência dos sistemas de correção.

Assista ao filme !

7 cousas:

Polyana Amorim disse...

lamentavelmente, esse é o destino de todos os Querôs da vida. Uma amiga me disse que isso dependia da força de vontade de cada um. se o 'querô' quisesse mesmo, ele poderia levar uma vida diferente e melhor.
pergunto: como?se a vida que ele leva nao dá outras alternativas, se ele não teve amor materno, não teve amigos, foi sentir que era querido por alguém num estágio quase irreversível. não que dali em diante não houvesse mais solução, ele até tentou. mas como ele mesmo disse: ele se tornou mau pq só conheceu maldade na vida. talvez o amor tenha chegado tarde demais.

além disso,m o filme tem uma montagem fantásticaque me deixou boquiaberta.

bjus em todos!

Juliana Freitas disse...

Vou assistir...
Trabalhei uma vez com menores infratores, e eu bem sei como é complicada (nada perto do que nós entendemos como complicado) a vida desses meninos!
Eu fico muito triste!

Nando Damázio disse...

Não costumo ver filmes com tamanha carga dramática (sou mais as comédias românticas, hehe) .. Até porque para ter choque de realidade nem é preciso ir ao cinema, basta sair às ruas para termos que nos desviar de vários "Querôs" nas calçadas (principalmente aqui no Rio) e chega a ser absurso como neste País isso é tão natural e cotidiano que ninguém mais se penaliza com a situação !!

Mas, sem dúvida, é um filme que vale a pena assistir, ainda mais por ser uma adaptação dessa ótima obra do Plínio !!

Nando Damázio disse...

P.S.: Na dose de alfabetismo onde aparece "absurso", lê-se "absurdo" !!

Alberto Júnior disse...

Quando não existem ou são postas em prática políticas públicas de salvaguarda ao direito de direito de crianças e adolescentes,ficamos sempre com um nó na garganta assumindo a culpa pra nós.

E realmente somos culpados quando nos omitimos de COBRAR dos políticos responsáveis por manter a qualidade e "humanidade" nos serviços prestados pelas instituições de ressocialização.

Agora com tantos pré-requisitos para a barbárie, o que é ser social, é se defender?

Fiquei angustiado com o filme pelo sentimento que ele me instigou, o de pena. Eu queria ter sentido compaixão. Mas realmente fiquei com PENA. Mas por que a angústia?

Por que quando sentimos pena, nos colocamos num pedestal e nos sentimos melhores que o outro. A compaixão é um sentimento horizontal que promove a ajuda imediata por compreender que você pode também, um dia, estar na mesma situação do outro.

E creio que a compaixão é divina, assim como o perdão. Ter pena é humano.

Preciso de mais fé!

disse...

É de cortar o coração, e estou falando dos q vemos no dia-a-dia, pq não vi o filme... e de fazer um mea culpa tbm...

Bjs, menina. Passagem corrida por aqui.

Ps.: E aí? Conseguiste ler tudo? É grande, eu sei... às vezes me empolgo e levo a sério esse negócio de escrever... :P

Luana Diniz disse...

- Pessoas que tentam culpar a própria criança são os maiores culpados, amiga!
- Todo mundo que tem sensibilidade e compreensão da sua responsabilidade tb fica triste, Ju. Eu fico triste comigo, contigo, com o vizinho, com o político, com o mundo.
- Nando, há filmes e filmes. Nada de sôco no estômago e sim no olho.
- Eu também estou precisando de fé, Superbacana. Nossa! Amei o q escrevestes.
- Jô, você apareceu, moça? Li sim.


=****