on quinta-feira, 10 de janeiro de 2008 | 8 cousas

Não, não me pergunte mais nada. Procurei, como me pedistes, mas só achei caixas velhas, com suas beiradas comidas pelas traças, tentando empacotar as suas cartas. Ainda olhei para o armário, mas vi apenas restos de velas manchadas pela combustão naquela noite. Lembra como elas dançavam com a maestria do vento que entrava pela fresta da janela?

Você ficava olhando para elas, dizendo que estavam imitando o meu corpo de bailarina. Ri de ti e ficastes feliz por eu estar contigo, na noite em que a chuva e os relâmpegos disputavam o testemunho da união dos nossos corpos e das nossas almas.

Lembro que escrevestes para mim, no dia seguinte, implorando que eu aceitasse o pedido de fuga para longe e eu, querendo me livrar de todos aqueles que poderiam morrer de inveja do nosso amor, corri descalça para os teus braços. Andamos por todos os caminhos de pessoas tristes, exibindo cores e luzes. Mostramos aos céus o que é o paraíso.

Mas não sei qual deus invejoso mutilou nossas almas, arrancando a eternidade. Eu sei que procuramos, eu sei que lamentamos, mas decidimos aceitar o fim. Hoje, amarguro a tua falta que nem as traças conseguem corroer.


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8 cousas:

alexandre disse...

putz, o que dizer? lindo demais! que jeito delicado de ver as coisas... tudo isso me lembrou um filme, "chasing amy" (acho que é procurando amy em portuga), do kevin smith, conhece? enfim...

quanto ao filme que cê disse la no meu blog... filme sobre o On The Road? eu sei que o Walter Salles está dirigindo! quero só ver no que dará rs

beijos

Nando Damázio disse...

Menina, tu fez sozinha ??
Deste jeito tu será a nova cadeirante da ABL !! hehe

Muito lindo, Luca, fico tocado quando leio preciosidades assim .. Sério mesmo !!

Alberto Júnior disse...

Hmmm... vou reler o post abaixo.

Eduardo Mingá. disse...

Luca, querida, acho que você tá com algum problema com essas coisas de inveja ou olho gordo.
aehieuh

eu acho que isso só afeta quem se preocupa. Aos que não ligam, não faz menor efeito.

Lindo seu texto, uma delicada forma poética.
De uma amor que parece trágico em seu fim, belo.

Mas, se o casal não se preocupar, o quê que pode vir de fora e atingi-los?

:D

beijO!

PS: sobre aquilo que deixou no meu blog, deixa eu adinvinhar...
Não sei.
aeuihieuh

beijO!

Fláh disse...

"Mostramos aos céus o que é o paraíso."

Achei lindo, de extrema sensibilidade e sentimento.

:D

Polyana Amorim disse...

é, nada é fácil, amiga

talvez as traças não corroeram pq ainda há o que acontecer. Talvez.

Luana Diniz disse...

-Sério mesmo, Caju? Vão gravar? Ui, ui, ui. Sim, vamos aguardar o resultado!
- Nando, te decide. Ficou bom ou não? huashuas
- Como assim, Alberto?
- Mingá, não é pra advinhar nada não, bobão! :p
- Obrigada, Fláh!
- Será, amiga? Eu prefiro ficar c a companhia das traças...

=***

disse...

Lindo, lindo, lindo!!!! Menina, fiquei arrepiada aqui. A tristeza e sua beleza... ai, ai...