on domingo, 27 de janeiro de 2008 | 11 cousas
O poeta romano Virgílio considera que os melhores escritores sejam aqueles que conseguem imitar os grandes gênios.

Eu nunca ousei imitar nenhum grande gênio, mas se o tentasse, eu gostaria de ter o estilo e o ritmo da escrita do José Saramago e o realismo do Gabriel García Márquez, influenciados pelo existencialismo do Kafka, misturadas às diversas personalidades poéticas do Fernando Pessoa.

Como é muita presunção ser tão perfeita assim, fico na tímida e feliz posição de apreciadora dos gênios e com a antitética missão de usar as palavras para traduzir os meus típicos revertérios.

11 cousas:

Lúcia disse...

Ah, quem não gostaria de reunir em si tantos talentos assim!

Mas estava discutindo com um amigo a questão do que é arte e de qual é o papel dos artistas, e concordamos em um ponto: arte, seja ela literatura, música, pintura, dança, vídeo ou outras artes visuais, o que for!, só tem sentido se for uma expressão sua. Não é o fato de ser capaz de copiar algumas particularidades geniais de alguém que vai fazer de qualquer pessoa um artista.

Eu, particularmente, acredito que fazemos arte quando 'emprestamos' à criação os nossos sentimentos, nossas dores, nossas crenças, nossa cultura, tudo aquilo que vai nos construindo durante a vida inteira.

Posso pintar uma rosa com tinta aquarela e dizer que é arte. Então vem um tal Marcel Duchamp e tira, sem cerimônias, um urinol de um banheiro masculino, coloca-o numa galeria de arte, assina ali o seu nome e chama de arte. E então, quem foi mais artista ali?, se os dois colocaram no ato da criação algo em que acreditavam, fosse esse algo a beleza e a delicadeza de uma aquarela ou a corajosa e subversiva atitude de colocar, junto com aquele urinol, a própria arte em questão? E que complicada questão...!

Adorei seu comentário no Cena7 _ e como você escreve bem, moça!
Também gosto muito dos dois: poemas e corpos. E sabe que penso mais ou menos como você? Você escreveu que o som dos corpos fazem poemas. Adorei isso, e me fez lembrar da definição que eu tenho de um ato verdadeiro de amor: corpos que se atraem e se querem bem fazem música quando se encontram e se misturam. Uma música que só quem está envolvido consegue escutar. E é essa a música mais bonita pra mim...

Beijos, moça talentosa!

Polyana Amorim disse...

olha, tá tocando Otto nessa radiola!

Good!

eu só queria o talento e a criatividade do Gabriel Garcia Marquez e do Érico Veríssimo, só isso! =D

Frank Saiu disse...

Concordo com a Lucia, um grande artista cria e não copia...e também me aproprio das palavras de Picasso: "Copiar os outros é necessário, copiar a si mesmo é patético"

Copiar é necessário na formação até que o artista encontre sua expressão e depois não pode cair na tentação de esquecer a criação e ficar apenas se repetindo.

Viva a criatividade!

Nando Damázio disse...

Também já estive pensando coisas assim .. Eu gostaria de ter o lirismo do Érico Veríssimo, a força de José Lins do Rego, a suavidade de José Mauro de Vasconcelos, a vibração de Guimarães Rosa, a malícia de Jorge Amado .. enfim .. Pegando tudo isso e batendo no liquidificador é óbvio que dá beeeeeeem mais que um mero Fernando Damázio !! Mas não custa sonhar, né ??

Pelo menos você usa magnificamente as palavras para traduzir seus típicos revertérios .. Posso imitar ??

disse...

Já pensou? Acho que é bom pensar em ter a qualidade dos grandes, mas não nos intimidemos por não tê-la. rs. Afinal, até o Pessoa já escreveu errado por linhas certas um dia. :)

Bjs, moça.

Nana Flash disse...

Eu ia querer ser Clarice Lispector. Pra mim eh a perfeitona, em qq sentido. Mas adorei suas escolhas :D
Bj bj

Alberto Júnior disse...

Eu queria apenas saber escrever.

Artur Moura Queirós disse...

A partilha de uma mensagem, de um sentimento, de uma emoção, é o primeiro passo para o emergir de um acto artístico, a capacidade para o expressar, entra no domínio da representação de uma sensibilidade, que alguns oferecem ao mundo com uma forma que faz sobressair o conteúdo... mas todos temos conteúdo não é? Diz-se que os artistas precisam de inspiração, e que a vão buscar às naturezas mortas e vivas, será isto, uma projecção do seu conteúdo nessas naturezas, ou será o absorver de um substrato nos outros corpos para criar arte? Se assim é o artista deverá ser um "ser simbiótico" e os comuns mortais a sua fonte de vida...:)

Luana Diniz disse...

- Ai, Lúcia! Eu que amei o seu comentário. Nossa! De fato, a alma transcendente numa obra é q revela a sua arte. Mto bom!
- E tu quer mais ainda escrever roteiros, né, Poly?!?
- Então, não seria uma reformulação, Frank?
- Imitemo-nos, então, Nando! ahaha
- Meu Deus, Jô! O Pessoa já errou? ahaha
- Obrigada, Nana! Mas eu juro que a Clarice tá me perseguindo! Vai entender..ahaha
- Escrever artigos, Alberto? ahaha
- Gente, fiquei orgulhosa com a discussão desse post. Nossa! Prazerzão na sua visita, caro Artur!

=***

Natália disse...

Geralmente acontece de eu estar lendo e pensar: "Bem que eu poderia ter escrito isso. Todo mundo ia ler e ia achar legal". =D
Meio boba eu, né?!
Mas é que tem autores que escrevem coisas tão fantásticas que até difícil de acreditar como tal coisa possa ter saído da cabeça de um mortal como nós.

Rafael Carvalhêdo disse...

Mas pq não imitar os grandes gênios hein!!!
Tu tem que ter uma base, uma inspiração, um ídolo...
Sou completamente a favor, a idéia não sai do nada, ela vem de conexões, seja das coisas, seja dos talentos... e se inspirar em Saramago, Kafka e etc, não é nenhuma pretenção, mas uma consciência da tua postura, uma postura de aprendiz, de adimiradora, que ver nos seus ídolo um lugar a chegar, um ponto, um objetivo.

Sou fã! E sem isso, seria um talento vazio!